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O tema de hoje está mais uma vez relacionado com o cinema e a escolha mais uma vez se revelou difícil, pensei em muitos nomes estrangeiros, que fazem parte das minhas preferências como Akira Kurosava, Pedro Almodóvar, Luc Besson, ou Edward Zwick, mas depressa abandonei a ideia para me concentrar na prata da casa, já que trabalho na área do cinema desde há uns anos a esta parte.
Assim, em vez de um convidado, optei por vários convidados, os meus convidados têm em comum, para além de serem realizadores de cinema, o facto de serem portugueses, a minha escolha não podia ser diferente, se escolhesse apenas um estaria a ser injusta para com os outros, cada um deles é especial para mim pois representa uma pequena parte do cinema português tão pouco acarinhado no nosso país.
No entanto, não posso deixar de fazer algumas considerações, como o facto de por cá termos o ridículo costume de achar que a galinha do vizinho é melhor que a nossa, e de termos uma ideia pré-concebida de que o cinema nacional não presta, ideia essa generalizada ao cinema que se faz na Europa e aí, levanta-se a questão, mas foram ver? Em que se baseiam?
Eu própria só comecei a dar atenção ao cinema português quando comecei a trabalhar na área do cinema, até aí para mim o cinema português era uma coisa chata e sem graça, opinião gerada por completo desconhecimento do que se fazia em Portugal.
O Mestre Manoel de Oliveira é um dos melhores realizadores portugueses de sempre, a sua carreira fala por si, tendo sido premiado vezes sem conta, infelizmente não é compreendido pela maioria das pessoas uma vez que os seus filmes não são fáceis, apesar de terem bons actores, e uma excelente fotografia entre outras coisas.
Quando se fala de cinema português a maioria das pessoas é saudosista e recorda o "Páteo das Cantigas", "O Leão da Estrela" ou a "Canção de Lisboa", no entanto o cinema português é muito vasto que estes três filmes, que, no meu ponto de vista, nem sequer podem ser sinónimo de bom cinema.
Para saberem mais sobre o Cinema que se tem feito em Portugal passem pelo site Cinema Português, alguns dos filmes podem encontrar-se facilmente e nem todos são uma perca de tempo, a ideia de que o cinema português é muito parado é um mito e a prova disso está nos filmes de António-Pedro Vasconcelos, Joaquim Leitão, Leonel Vieira ou Teresa Villaverde, entre outros. Estes podem não ser realizadores muito premiados a nível internacional, mas são muito melhores que a maioria das americanadas que chegam semanalmente às nossas salas de cinema.
Na minha opinião, o que falta ao Cinema português é divulgação, marketing e mais dinamismo, pois temos bons actores, bons realizadores e bons filmes. Lá fora as plateias aplaudem-nos de pé, por cá as salas não enchem, talvez porque não existe uma estratégia que leve as pessoas ao cinema. Há que fomentar o cinema português para que de uma vez por todas os filmes portugueses deixem de ser indevidamente rotulados, antes mesmo da estreia nas salas de cinema, o que não deixa de ser estranho pois as ante-estreias estão sempre esgotadas e o trabalho, quer do realizador, quer dos actores é quase sempre aplaudido no final.
Esta é mais uma participação no evento "Convidei para Jantar" pensado pela Ana e este mês alojado pela Pami Sami do blog Receitas do Menu Verde.
Como a Pami é vegetariana a escolha da receita recaiu sobre uma sobremesa leve e fresca, um pudim, feito pela minha mãe, talvez um dos melhores pudins de ovos que comi nos últimos tempos, fica com uma textura cremosa no interior, pouco frequente neste tipo de pudins e passou a ser uma das novas preferências na família, por isso pareceu-me apropriado para servir a tão ilustres convidados: os realizadores de cinema portugueses.
Pudim de Ovos com Leite de Coco
Ingredientes:
Preparação:
Mistura-se tudo e coloca-se numa forma barrada com caramelo.
Vai ao forno a cozer em banho maria durante cerca de 45 minutos.
Só se pode desemformar depois de frio.
O tempo passa depressa, fui de férias, já voltei e sendo a Páscoa uma época festiva, não podia passar sem um doce para pôr na mesa.
Em nossa casa não temos a tradição da Páscoa, no entanto aproveitamos estes dias para estar em família, por isso lembrei-me de vos trazer uma das nossas sobremesas preferidas.
Apresento-vos o nosso pudim de pão.
Pudim de Pão
Ingredientes:
Preparação:
Parta o pão aos pedacinhos, amorne o leite e deite-o sobre o pão para o amolecer, misture os ovos com o açúcar, a raspa e o sumo de limão.
Misture os ovos com o pão e coloque numa forma de pudim caramelizada.
Coze em banho maria no forno por cerca de 35 a 40 minutos, ou na panela de pressão contando 15 minutos a partir do momento em que começa a ferver. Desenformar só quando estiver completamente frio.
Nota:
Este é um pudim pequeno.
Para variar, em vez de carcaças ou papo-secos pode usar pão de leite ou brioche.
Estamos de parabéns, o Tertúlia completa hoje 4 anos de existência.
É verdade, o tempo passa muito depressa, parece que ainda ontem estava a escrever o meu primeiro post.
O ano que passou não foi muito fácil mas continuamos por aqui de pedra e cal, escrevendo textos, experimentando receitas e partilhando ideias.
Este ano não houve convidados especiais, mas ainda assim, não quisemos deixar de festejar mais um aniversário, este ano com um desafio solidário de encontrar receitas para a Maria. Quem quiser participar ainda pode fazê-lo até ao fim do mês, está tudo explicadinho aqui.
A minha opção foi um pudim, para que a Maria, apesar de estar longe da família e dos amigos, possa ter um Natal mais doce.
Pudim de Abóbora
Ingredientes:
Para o caramelo
Para o pudim
Preparação:
Do caramelo
Levar o tacho ao lume com o açúcar, deixar aquecer lentamente até que o açúcar comece a ganhar cor, sem nunca abanar o tacho ou mexer com colher. Quando o açúcar apresentar uma cor dourada adicionar a água quente com muito cuidado pois o açúcar vai borbulhar furiosamente e pode queimar, o melhor será adicionar aos poucos.
Colocar o caramelo numa forma e rodar a forma para a forrar totalmente com o caramelo, (cuidado para não se queimarem) reservar.
Entretanto colocar a água a aquecer para o banho-maria.
Do pudim
Esmagar a abóbora com um garfo e misturá-la com o açúcar.
Bater os ovos como de se fosse para uma omeleta.
Juntar a abóbora aos ovos, bater de novo com o garfo e por fim adicionar o leite mexendo de novo com o garfo (isto tudo demora no máximo 5 minutos a fazer).
Colocar o preparado na forma e colocar a forma dentro do tacho com água quente, assim que a água começar a querer ferver, baixar o lume e deixar cozinhar em banho maria cerca de 50 minutos, nos últimos 20 minutos colocar uma tampa (a água não pode ferver deve apenas borbulhar ligeiramente). No final desse tempo retirar a tampa com cuidado, para não escorrer a água do vapor para cima do pudim e espetar um palito ou a ponta de uma faca no pudim, se sair seco está cozido. Deixar arrefecer completamente para desenformar (eu deixei de um dia para o outro, se desenformar o pudim quente, ele parte-se).
Notas:
A razão de ser das notas abaixo deve-se ao facto de a Maria estar limitada no que diz respeito aos utensílios de cozinha e também, como ela própria diz, não ter muito jeito para a cozinha.
Para a confecção deste doce usei os seguintes utensílios: 1 garfo, um tacho, 1 prato, 1 chávena, 1 lata de feijão vazia e lavada, das grandes porque a Maria não tem formas de pudim.
Para as medidas ficarem correctas, o ideal é começar por medir os ovos, fixar o espaço que ocupam, e medir os restantes ingredientes preenchendo exactamente o mesmo espaço que ocuparam os ovos.
A abóbora para o pudim deve ser cozida com casca de meia laranja e um pau de canela, à falta desta pode-se usar uma colher de café de canela.
Depois de cozida escorre-se e deixa-se arrefecer completamente antes de a esmagar. Para ter a certeza que a abóbora não vai com água para o pudim antes de a esmagar com um garfo espreme-se com a mão, como se estivéssemos a espremer uma esponja.
As medidas acima deram para dois pudins com cerca de 9 cm de diâmetro.
Para quem vive por cá, pode usar caramelo de compra, se tiver forma de pudim deve usar a chávena cheia em vez da meia chávena que dá apenas dois pudins pequenos. Usando a forma de pudim que tem tampa o tempo de cozedura deve reduzir quase para metade. Também pode ser cozido no forno em banho maria. Este pudim não necessita de batedeira, basta um garfo ou uma vara de arames.
Uns partem porque vão de férias, outros partem na concretização de sonhos antigos, por isso a escolha de hoje é tão intensa quanto uma despedida e forte como a saudade.
Pudim Cremoso de chocolate
Ingredientes para 6 taças pequenas
Preparação:
Tradicional
Pique o chocolate e reserve.
Leve um tacho ao lume com metade do açúcar e 2 chávenas de leite.
Entretanto misture o amido de milho, o cacau e o sal e reserve.
Numa taça, misture o restante açúcar, o ovo e as gemas e bata com a batedeira até obter uma mistura cremosa, adicione o leite restante (1/4 chávena) e junte os ingredientes secos.
Com a batedeira em funcionamento vá adicionando geite gradualmente a mistura de leite quente e leva ao lume para engrossar mas sem deixar ferver.
Retire do lume e junte o chocolate picado, a manteiga e baunilha, deixando repousar um pouco e bata de novo com uma vara de arames, até obter uma mistura homogénea.
Deite o pudim em tacinhas e se quiser evitar a formação da camada superficial mais dura e seca, coloque película aderente.
Refrigere por 4 horas no mínimo antes de servir.
Decore com pepitas de chocolate.
Bimby / Thermomix
Coloque o chocolate no copo e pique-o com uns golpes de turbo e reserve.
Coloque no copo 2 chávenas de leite, o açúcar, o cacau, o amido de milho e o sal e programe 8 minutos, 90º, velocidade 3.
Entretanto numa tigela bata o ovo com as gemas e adicione o leite restante.
Seleccione 2 minutos e meio, 80º, velocidade 3 e verta a mistura dos ovos pelo copinho da tampa, com a máquina em funcionamento.
Adicione o chocolate picado, a manteiga e a baunilha no copo e espere 1 minuto.
Ao fim desse tempo, programe 1 minuto, 80º, velocidade 3.
Distribua o pudim por tacinhas e se quiser evitar a formação da camada superficial mais dura e seca, coloque película aderente.
Refrigere por 4 horas no mínimo antes de servir.
Decore com pepitas de chocolate.
Notas:
Foi a terceira ou quarta vez que fiz esta receita e por razão desconhecida nunca a tinha fotografado.
Se não tiver essência de baunilha pode omiti-la, confesso que já fiz com e sem baunilha e não achei que se notasse grande diferença.
Este pudim tem a consistência de um leite-creme e o sabor forte de uma boa mousse de chocolate, por isso é só para amantes de chocolate.
A receita original é do livro "Baking: From My Home to Yours" da Dorie Greenspan, mas eu segui a tradução da Helena do Sabores de Canela que também já foi reproduzida pela Margarida do Figo Lampo.
Cantina di Dom Fuas é um blog de Culinária que tem tanta coisa boa que o difícil mesmo é escolher o que fazer, as sugestões são variadas e a Dona do Blog tem um gato lindo que dá pelo nome de Dom Fuas (Roupinho), personagem amplamente conhecido da história de Portugal.
Quando a Maura publicou esta receita eu disse logo que ia fazer, mas do pensamento à atitude passou algum tempo e só agora foi possível realizar este doce com um delicioso sabor a Brasil.
A receita é "escandalosamente" simples e pelo que li no Cantina di Dom Fuas remonta ao século XVII e é inspirado na doçaria conventual portuguesa.
Quindim
Ingredientes:
Preparação:
Misture tudo sem bater, tal como nos pudins.
Unte uma forma de buraco no meio com óleo ou margarina e polvilhe com açúcar.
Leve ao forno quente, colocando água morna no tabuleiro para cozer em banho maria por 25 minutos ou até a parte de cima do pudim estar dourada.
Nota: Seguindo as dicas da Maura para o doce não ficar a saber demasiado a ovo passei as gemas por um passador. Coloquei um passador grande sobre uma tigela, separei as gemas das claras e ao colocar cada uma das gemas sobre a rede do passador basta furá-la de um dos lados, a gema vai escorrer para baixo e por cima vai ficar uma película esbranquiçada que é a bolsa da gema e que se deita fora.
A receita original é feita com coco fresco, mas como não consegui encontrar um coco de jeito, acabei a fazê-lo com coco seco.
Como o meu forno é demasiado forte o meu quindim cozeu um bocadito demais, para a próxima tenho que ajustar o tempo, e também a quantidade de açúcar que para o meu gosto pessoal é bastante, mas toda a gente gostou, sem excepção.