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Esta era uma das receitas que estava guardada há imenso tempo, encontrei-a de novo ao organizar umas coisas e lá estava ela no meio de tantas outras escolhas relacionadas com o Mark Bittman.
Não segui a receita original à risca porque me faltava a salva, por isso aproveitei para acrescentar o azeite com salicórnia que me pareceu uma mais valia e embora não seja a mesma coisa, nem nada que se pareça, substitui a salva por segurelha.
O resultado foi uma entrada muito simples e plena de sabor.
Batata Doce com Presunto
Ingredientes:
Preparação:
Descascar as batatas e cozê-las inteiras com um pouco de sal, 10 a 15 minutos no máximo, elas não devem cozer demais para não se partirem quando tivermos que as cortar e enrolar no presunto, deixar arrefecer um pouco e cortá-las em 4 no sentido do comprimento se forem gordinhas, caso contrário cortar apenas ao meio.
Temperar as batatas com as ervas de Provence e o azeite com salicórnia e envolver cada quarto de batata com uma fatia de presunto.
Untar um pirex com mais uma colher de sopa de azeite, colocar os raminhos de segurelha e por cima as batatas envoltas no presunto, levar ao forno quente por cerca de 10 minutos.
Servir de imediato.
Notas: Precisa de tantas fatias de presunto quantas as partes em que dividir a batata. O sabor do presunto deve sobressair ao da batata, e o presunto ao sair do forno deve estar estaladiço. Deve ter cuidado com a quantidade de sal que põe na batata pois o presunto já tem bastante sal e ao ser aquecido parece que ainda fica mais salgado.
Estamos no final do mês e esta será provávelmente a minha última convidada, pois não sei se a Glau do Quintandoca regressa de férias ainda a tempo de participar.
De todas as minhas convidadas especiais deste ano, esta é a única que tenho o prazer de conhecer pessoalmente, fez este mês um ano que a Neide passou por Lisboa e que almoçámos no Tentações de Goa.
O Come-se é diferente do comum blog de culinária, deixa a léguas qualquer caderninho de receitas pois é uma preciosa fonte de conhecimento, por lá se conversa de tudo o que se come no verdadeiro sentido da palavra, desde flores, frutos estranhos, ervas e até larvas.
Mas não comece já a torcer o nariz, esqueça a parte das larvas e concentre-se por exemplo nos pães, ela tem pães fantásticos, e também genuína comidinha brasileira.
O meu convite para a Neide perdeu-se nas teias da grande rede e quando insisti já estávamos quase no final de Novembro foi assim que a Neide acabou enviando um pão muito gostoso que tinha publicado faz tempo e que na realidade combina mesmo bem comigo.
Neide muito obrigada por ter aceite o meu convite, esta festa não seria a mesma sem o seu contributo.
"Queria ter tido tempo para desenvolver alguma coisa bem especial para o Tertúlias, mas nem tudo é como a gente quer. E espero que goste deste pão de batata-doce. Envio esta, não só porque é fácil de fazer, mas porque é delicioso e tem esta cor rosa linda, que combina com você e com seu blog. Muito sucesso, parabéns pela dedicação e um grande beijo da amiga deste lado do Oceano.
Sobre a Batata Doce
A planta: Que ninguém pense que é a batata-doce seja parente das batatas. A Ipomoea batatas L. pertence à família Convulvolaceae e é originária da América do Sul e América Central. No Peru, foram encontrados resíduos desta espécie em cavernas no Vale de Chilca Canyon, datadas de mais de dez mil anos. Hoje é encontrada em várias partes do mundo. No Brasil, pode ser encontrada em todas as regiões, porém, está mais presente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, na região Sul, e Pernambuco e Paraíba, na região Nordeste. Por aqui não é hábito consumirem as folhas, mas elas também podem ser preparadas como hortaliças, como acontece na China, por exemplo. Aliás, deliciosas feitas como espinafre.
Digestão: Este é um dos fatores que faz com que batata doce seja considerada comida de pobre, cultivada apenas por pequenos agricultores (tanto que não é um produto de exportação, por exemplo). Eu mesma já senti na pele ou no estômago os efeitos da má digestão, mas só por causa do exagero. No dia de matança de porco no sítio dos meus avós um grande tacho de água fervente ficava à disposição dos homens e mulheres que lidavam com o bicho. Enquanto a água não era usada, iam-se colocando ali batatas doces. Sem que nenhum adulto se desse conta do apetite voraz, a criança Neide foi cozinhando e comendo batata-doce o dia inteiro. E como camela, nada de água. Brincava um pouco, disfarçava, corria até o tacho pra conferir seu petisco e saia correndo com batata quente lhe queimando as mãos. Não almoçou, não jantou, só na batata-doce cozida bem quente, bem docinha. Na hora de dormir foi um sufoco, me lembro como ontem. Aquela massa não descia nem subia, fermentou, inchou, senti que iria morrer, até que minha avó, depois de várias tentativas, providenciou a poção certa além do dedo na garganta para que eu descomesse uma massaroca desconfortável. O bom foi que não traumatizei. No outro dia já estava boa pros torresmos. E batata-doce, sempre, mas nunca mais com exagero. É que há na batata um inibidor de digestão que atrapalha o trabalho das enzinas digestivas tripsina e quimiotripsina, retardando o fluxo, induzindo à fermentação e à formação de gases. Deu no que deu. Mas, em combinação com o trigo no pão, este efeito não se nota. E o pão fica lindo e gostoso, embora o sabor da batata apareça com muita discrição. Usei a mesma receita que venho usando nos últimos dias (pão de cará, pão de taro, pão de mandioca, pão de batata-doce), com modificações insignificantes - apenas em relação ao sal e ao açúcar.
Pão de Batata-Doce Roxa
Uma foto do nosso encontro em Lisboa, para matar a saudade.
Foto gentilmente cedida pela Neide do Blog Come-se
(clique em cima da foto para aceder à postagem do nosso encontro)
Já todos perceberam que eu adoro fazer pão e desde que tenho este blog que faço pão todas as semanas, ao final deste tempo continuo a ficar hipnotizada a olhar para o forno a ver o milagre da transformação da massa e enebriada com o aroma do pão récem cozido.
Falta-me experimentar muita coisa em termos de pão, gostava de experimentar a "sour dough" ou "massa madre" cujo nome em português ainda não consegui perceber se é isco, massa mãe ou massa velha, seja como for parece-me a forma mais primária e saudável de fazer pão que no fundo é criar o fermento apenas a partir de farinha e água, sem qualquer químico ou aditivo, mas ainda não é desta vez que eu entro nessa aventura.
Para participar no 3º aniversário do BreadBakingDay promovido pela Zorra cujo tema são Pães com Frutos Secos resolvi fazer um Pão de Batata Doce e Nozes.
Pão de Batata Doce e Nozes
Ingredientes:
Preparação:
Coze-se a batata doce, préviamente descascada, deixa-se arrefecer um pouco e desfaz-se com um garfo. Junta-se farinha, o sal, o fermipan, a água morna aos poucos e amassa-se muito bem, por fim adicionam-se as nozes. A massa deve ficar ligeiramente mais húmida do que a do pão e quanto mais amassar, melhor fica.
Depois de bem amassada, deixa-se levedar até duplicar de volume. Com as mãos enfarinhadas divide-se a massa e fazem-se umas bolas, que se deixam repousar mais 15 a 20 minutos antes de ir para o forno.
Coze em forno quente cerca de 20 a 25 minutos.
Nota: Se gostarem também podem adicionar à massa umas passas de uva ou figos secos finamente picados.
In English:
Walnuts and Sweet Potato Bread
Ingredients:
Preparation:
Peel and boil the sweet potatos and smash them with a fork, let them cool until warm, then add the flour, salt, yeast and the warm water gradually, knead very well. Add more warm water if necessary. The dough shoud be slightly wetter then bread dough and the more knead the better it gets. Let rise in a warm place covered with a cloth, until it duplicates volume.
Then divid the dough into pieces, make the breads and let rise for another 15 to 20 minutes.
Bake in preheated oven (220º) for about 20 to 25 minutes, it depends on the oven.
If you like it you can add to the dough dried grappes or figs finely chopped.