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A hora mudou, os dias escurecem mais cedo, mas por aqui o casaco de malha continua no armário, a mantinha continua dobrada no canto do sofá e o chá continua a pedir cubos de gelo. Apesar de tudo não dispensamos uns scones de abóbora para o desafio da Marta.
São uns scones levemente doces com o aroma da laranja e da canela, perfeitos para servir com manteiga, queijo creme, ou para os mais gulosos com uma compota ligeiramente ácida.
Lanchamos?
Scones de Abóbora
Ingredientes:
Preparação:
Coloque os ingredientes secos numa taça e misture, junte a manteiga e mexa com as pontas dos dedos para desfazer a manteiga na farinha, vai obter uma mistura com aspecto de areia molhada. Adicione a ovo ligeiramente batido com o puré de abóbora e a raspa de laranja e amasse só até formar uma bola.
Coloque-a sobre uma superfície enfarinhada e espalme a massa de modo a obter um círculo com cerca de 2 cm de altura, corte a massa para obter 8 triângulos, pincele com o leite e leve ao forno aquecido a 220º C durante 10 a 15 minutos.
Sirva com manteiga, queijo creme ou compota.
Naquele tempo as fadas transformavam as abóboras em lindas carruagens e a gata borralheira casava com um príncipe charmoso que percorrera o seu reino com um sapatinho de cristal na mão, mas os tempos mudaram a tradição já não é o que era e todos sabemos que as fadas não existem.
Na minha história a gata borralheira vive nos subúrbios da capital, passa a maior parte do tempo a sonhar com o tal príncipe mas continua a cozinhar para ganhar a vida, que as coisas não caem do céu e ela não tem com quem dividir as despesas.
Passa dias na cozinha a fazer pastéis e empadas que coze logo pela manhã, depois sai de casa para os distribuir pelos cafés das redondezas onde são devorados por gente desconhecida, entre golos de café e conversas perdidas sobre o tempo, a crise ou coscuvilhices de vizinhas.
Há muito que perdeu a esperança de um dia ser alguém. A sua vida é rotineira, às vezes sem graça, não tem muitos amigos e o príncipe encantado nunca chegou a aparecer, nem tão pouco alguém que a fizesse feliz.
Vai sendo feliz à sua maneira, quando, para fugir à rotina, experimenta novas receitas e diz quem a conhece que cozinha com amor.
O amor...
Aquele sentimento que tanto a faz sonhar mas que nunca chegou a sentir.
Às vezes escolhe receitas a pensar no seu príncipe, imagina os seus gostos...
Se ele ao menos aparecesse...
Seria decerto pela boca que o iria cativar, porque na sua beleza já ninguém reparava, felizmente herdara o dom da madrinha, para quem a cozinha não tinha segredos.
As suas refeições eram simples e na maioria das vezes utilizava apenas os produtos que cultivava nas traseiras da casa que tinha herdado da madrinha, mas hoje era o seu aniversário e por isso tinha comprado um pedaço de queijo da ilha, daquele cujo sabor forte perdurava na língua com um leve picante que tanto lhe agradava. Imaginou o contraste que faria com a abóbora que tinha aberto dias antes e atreveu-se a fazer um soufflé de textura suave como os sonhos e de sabor forte como imaginava que fosse o amor.
Levou a primeira garfada à boca, bebeu um pouco de vinho e continuou a sonhar.
Soufflé de Queijo da Ilha com Abóbora Assada
Ingredientes:
Preparação:
Limpar um bom pedaço de abóbora, retirando cascas e sementes e cortar às fatias. Colocar num prato de ir ao forno, temperar com sal aromatizado com picante e um fio de azeite e levar a assar por uns 30 minutos ou até estar macio. Deixar arrefecer, escorrer bem a água que se formou e esmagar a abóbora juntamente com o alho confitado com um garfo. (se não tiver alho confitado pode assar um dente de alho juntamente com a abóbora)
Misturar a abóbora com o molho branco e as gemas de ovo e acrescentar o queijo ralado. Se necessário rectifique os temperos.
Bater as claras em castelo e envolver suavemente com a mistura de abóbora.
Levar ao forno quente a 220º, em formas bem untadas, passados os primeiros 5 ou 10 minutos baixe a temperatura para os 180º, e deixe cozer mais 10 a 15 minutos. Servir simples como entrada, ou se preferir como acompanhamento de carnes.
Notas: A abóbora pode ser estufada em vez de assada, molho branco ou bechamel pode ser caseiro ou de compra e o queijo deve ser forte para contrastar com o doce da abóbora.
O resultado é um soufflé de sabor forte e picante, com o qual participo no passatempo "Chocolate e Picante: Um desafio de receitas com histórias dentro" promovido pelo Gourmets Amadores em conjunto Casa das Letras do grupo Leya.
Estamos de parabéns, o Tertúlia completa hoje 4 anos de existência.
É verdade, o tempo passa muito depressa, parece que ainda ontem estava a escrever o meu primeiro post.
O ano que passou não foi muito fácil mas continuamos por aqui de pedra e cal, escrevendo textos, experimentando receitas e partilhando ideias.
Este ano não houve convidados especiais, mas ainda assim, não quisemos deixar de festejar mais um aniversário, este ano com um desafio solidário de encontrar receitas para a Maria. Quem quiser participar ainda pode fazê-lo até ao fim do mês, está tudo explicadinho aqui.
A minha opção foi um pudim, para que a Maria, apesar de estar longe da família e dos amigos, possa ter um Natal mais doce.
Pudim de Abóbora
Ingredientes:
Para o caramelo
Para o pudim
Preparação:
Do caramelo
Levar o tacho ao lume com o açúcar, deixar aquecer lentamente até que o açúcar comece a ganhar cor, sem nunca abanar o tacho ou mexer com colher. Quando o açúcar apresentar uma cor dourada adicionar a água quente com muito cuidado pois o açúcar vai borbulhar furiosamente e pode queimar, o melhor será adicionar aos poucos.
Colocar o caramelo numa forma e rodar a forma para a forrar totalmente com o caramelo, (cuidado para não se queimarem) reservar.
Entretanto colocar a água a aquecer para o banho-maria.
Do pudim
Esmagar a abóbora com um garfo e misturá-la com o açúcar.
Bater os ovos como de se fosse para uma omeleta.
Juntar a abóbora aos ovos, bater de novo com o garfo e por fim adicionar o leite mexendo de novo com o garfo (isto tudo demora no máximo 5 minutos a fazer).
Colocar o preparado na forma e colocar a forma dentro do tacho com água quente, assim que a água começar a querer ferver, baixar o lume e deixar cozinhar em banho maria cerca de 50 minutos, nos últimos 20 minutos colocar uma tampa (a água não pode ferver deve apenas borbulhar ligeiramente). No final desse tempo retirar a tampa com cuidado, para não escorrer a água do vapor para cima do pudim e espetar um palito ou a ponta de uma faca no pudim, se sair seco está cozido. Deixar arrefecer completamente para desenformar (eu deixei de um dia para o outro, se desenformar o pudim quente, ele parte-se).
Notas:
A razão de ser das notas abaixo deve-se ao facto de a Maria estar limitada no que diz respeito aos utensílios de cozinha e também, como ela própria diz, não ter muito jeito para a cozinha.
Para a confecção deste doce usei os seguintes utensílios: 1 garfo, um tacho, 1 prato, 1 chávena, 1 lata de feijão vazia e lavada, das grandes porque a Maria não tem formas de pudim.
Para as medidas ficarem correctas, o ideal é começar por medir os ovos, fixar o espaço que ocupam, e medir os restantes ingredientes preenchendo exactamente o mesmo espaço que ocuparam os ovos.
A abóbora para o pudim deve ser cozida com casca de meia laranja e um pau de canela, à falta desta pode-se usar uma colher de café de canela.
Depois de cozida escorre-se e deixa-se arrefecer completamente antes de a esmagar. Para ter a certeza que a abóbora não vai com água para o pudim antes de a esmagar com um garfo espreme-se com a mão, como se estivéssemos a espremer uma esponja.
As medidas acima deram para dois pudins com cerca de 9 cm de diâmetro.
Para quem vive por cá, pode usar caramelo de compra, se tiver forma de pudim deve usar a chávena cheia em vez da meia chávena que dá apenas dois pudins pequenos. Usando a forma de pudim que tem tampa o tempo de cozedura deve reduzir quase para metade. Também pode ser cozido no forno em banho maria. Este pudim não necessita de batedeira, basta um garfo ou uma vara de arames.
Descobri esta receita recentemente num Blog Russo da Chadeyka e foi amor à primeira vista, e como a língua, nestas coisas de blogs não é impeditivo de fazermos novas receitas pedi ajuda ao Santo Google que numa tradução mais ou menos manhosa me deu o essencial da receita que é basicamente a lista de ingredientes.
É que ás vezes não apetece nem carne, nem peixe e é esta foi uma agradável alternativa para o jantar de sábado, pode servir para uma refeição leve e diferente ou simplesmente para uma entrada fica ao vosso critério.
E conforme a sugestão da Chadeyka, sirva com um copo de vinho, ela não diz, mas eu acrescento, tinto de preferência, nós bebemos um Douro, Vinha do Infantado de 2003 que estava esquecido na despensa e que se revelou uma combinação perfeita.
Tarteletes de Abóbora com Queijo Feta
Ingredientes:
Para a massa
Para o Recheio
Preparação:
Tradicional
Triturar as sementes de abóbora num robot de cozinha ou numa picadora.
Misturar a margarina fria cortada em cubinhos com a farinha até obter uma massa areada, juntar 2 a 3 colheres de sopa de água gelada para ligar a massa.
Reservar a massa no frigorifico por 20 a 30 minutos.
Lavar e cortar a abóbora em fatias muito finas.
Estender a massa com o rolo da massa, pulverizar as formas de tartelete com spray para untar, colocar a massa nas formas e picar o fundo da massa com um garfo.
Colocar as fatias de abóbora por cima da massa de forma harmoniosa, temperar com flor de sal, colocar por cima o queijo esfarelado, polvilhar com orégãos e levar ao forno quente a 180º durante 10 minutos. Pôr as sementes de abóbora por cima e levar ao forno por mais 5 minutos.
Bimby / Thermomix
Triturar as sementes de abóbora com 2 ou três toques de turbo, adicionar a farinha, a margarina fria cortada aos cubinhos e 2 a 3 colheres de sopa de água, misturar 15 segundos, velocidade 5.
Reservar a massa no frigorifico por 20 a 30 minutos.
Lavar e cortar a abóbora em fatias muito finas.
Estender a massa com o rolo da massa, pulverizar as formas de tartelete com spray para untar, colocar a massa nas formas e picar o fundo da massa com um garfo.
Colocar as fatias de abóbora por cima da massa de forma harmoniosa, temperar com flor de sal, colocar por cima o queijo esfarelado, polvilhar com orégãos e levar ao forno quente a 180º durante 10 minutos. Pôr as sementes de abóbora por cima e levar ao forno por mais 5 minutos.
Notas: A receita original é feita num tabuleiro grande quadrado e posteriormente cortada aos quadrados. Usei sementes de abóbora porque não tinha de girassol e não usei gorgonzola porque o meu marido não aprecia, mas tem que ser um queijo forte para contrastar com a abóbora.
Nesta receita usei o spray para untar da Espiga, uma oferta das Fábricas Lusitana, que se tornou um enorme aliado na minha cozinha. As tarteletes foram desenformadas com muita facilidade, proeza que antes só conseguia forrando as formas com papel vegetal.
Eu sei que vocês estavam à espera de mais um convidado, mas vão ter que ter alguma paciência, já só faltam três convidados e acredito que dois deles só chegarão na semana que vem, por isso hoje deixo-vos as peripécias do meu jantar de ontem.
Decerto já vos aconteceu começarem a fazer o jantar, terem escolhido uma determinada receita estando convictos que tinham todos os ingredientes, depois de começarem a mexer nos tachos, os supermercados já fechados e perceberem que afinal faltavam várias coisas.
O que fazer?
Hipótese um: abrir uma lata de sardinhas.
Hipótese dois: Continuar e tentar dar a volta á coisa esperando que tudo corra bem, afinal de contas temos que comer e também não pode ser qualquer coisa.
Depois os coentros não sabem exactamente ao mesmo que aneto, a cebola não substitui o alho francês, e queijo Philadelphia não é propriamente queijo flamengo, mas isso também não é nada de mais...
Quando finalmente pensamos que demos volta ao assunto lemos de novo a receita, o jantar já está no forno e ainda chegamos à conclusão que faltou adicionar mais uns "pózinhos" que até tínhamos, mas que nos esquecemos de adicionar. Aí é certo que começamos a duvidar das nossas capacidades, eu pelo menos duvidei das minhas, apesar do jantar estar no forno e ter um aroma bastante agradável.
Ainda bem que as receitas da Gasparzinha são bastante versáteis, permitindo alterações que conseguiram não transformar o meu jantar de ontem num caos.
Apesar de tantas trocas e baldrocas o resultado foi bastante satisfatório, no final só sobraram as cascas e se o meu marido que também é o meu maior crítico disse que estava bom, é porque realmente estava bom. Agora pede para provar o original, por isso hoje não há receita, deixo-vos apenas a foto do jantar e se quiserem a receita o melhor mesmo é passar pelo No Soup For You e pegar a original, mas por favor façam uma lista de ingredientes para não vos acontecer o mesmo que a mim.
Só para terem a noção, eu não alterei um ou dois ingredientes, eu consegui alterar quatro ingredientes e não satisfeita esqueci-me de adicionar ainda mais dois deles, para agravar posso dizer-vos que não estava a fazer nada de memória, o portátil estava na bancada da cozinha do lado oposto do fogão, ou seja exactamente a dois passos de mim...
Desta vez ultrapassei os limites do razoável, será cansaço ?