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Uma das coisas que mais aprecio na Primavera é poder acordar com o sol a entrar pelo quarto a ouvir o chilrear dos passarinhos e passear pelo campo.
Da semana que andei pelo norte recordo os campos cobertos por um manto de pequenas flores salpicado de lilás, rosa, azul, branco e amarelo.
As temperaturas, tal como agora estavam amenas e convidativas ao descanso e ao passeio, foi o que fizemos.
Comi coisas novas, outras já minhas conhecidas, lembrei-me da Neide do Come-se e da Rute do Publicar para Partilhar.
A primeira porque é conhecedora de quase tudo o que se come e adoraria ter feito este passeio pelo campo comigo, a segunda porque tem como lema na vida a partilha e tal como eu ama a natureza.
E é isso que hoje vou fazer, partilhar convosco duas delícias que se comem, daquelas que não se vendem nos supermercados, nem se cultivam nas hortas, a primeira chama-se Merujas ou Regajo (leia-se Regarro), o seu sabor é delicado e muito agradável e faz uma das melhores saladas que alguma vez provei, leva apenas um pouco de cebola nova e tempera-se com sal, azeite e vinagre.
A segunda dá pelo nome de Norsa, planta trepadeira comestível que cresce junto às sebes que dividem os campos, na zona de Travanca no nordeste transmontano. O seu sabor fica algures entre o sabor dos espargos e o sabor dos grelos de nabo, apanham-se apenas os rebentos ou pontas, retiram-se as guias e utilizam-se da mesma forma que os espargos, simples, salteadas com azeite e alho ou misturam-se numa tortilha com ovos.
Ao provar estas iguarias, estranhas para os citadinos, recordei o esparregado de urtigas que a minha mãe costumava fazer, e também o de rama de cenoura e deu-me uma enorme vontade de um dia me mudar para o campo deixando-me levar por um sonho antigo.
Mostro-vos ainda um verdadeiro pão transmontano, cujo tamanho seria impensável para vender numa cidade.
E para finalizar estes relatos de viagem, comi um Botelo com Cascas, cozinhado lentamente numa linda panela de ferro. Para quem não sabe o Botelo é feito da mesma forma que o salpicão mas leva carne com ossos, as cascas, são as vagens de feijão que são apanhadas ainda verdes, mas quando o feijão já está completamente formado, as vagens são então secas e posteriormente hidratadas como se faz usualmente com o feijão, para depois serem cozidas (vagens e feijão), este cozinhado tinha ainda uma outra coisa que eu adoro, presunto cozido, que é uma iguaria e tanto. Não tive oportunidade de vos fotografar nem o botelo, nem as cascas, ficará para uma próxima oportunidade, mas dá para ver como foi cozinhado.