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Em busca da receita perfeita

por Moira, em 26.03.09

A Broa é um tipo de pão tradicional na terra onde nasci por acaso. Quando digo por acaso é isso mesmo, os meus pais não viviam lá, mas quis o acaso que eu resolvesse nascer naquela terra, não sei se por capricho, se por vontade própria, certo é que faço parte de um número mínimo de pessoas que se podem "gabar" de ter escolhido a terra onde nasceram.

Mas como vos estava a contar, estavam os meus pais de férias na Figueira da Foz, quando eu, num início de Setembro, há muitos anos atrás, resolvi que era altura de ver a luz do dia e como o local de nascimento indica as nossas origens é assim que a Figueira da Foz passou a ser a minha terra, apesar de nunca lá ter vivido.

No entanto, ainda hoje gosto das suas tradições e guardo de lá muito boas memórias, como a dos deliciosos colares de pinhões que eram vendidos à porta da praça por uma velhotinha e que faziam as minhas delícias.

Daquela zona adoro as rosquilhas, cuja receita ainda não consegui encontrar (se alguém souber diga-me por favor), as broas doces com frutos secos e a broa de milho branco.

Como por aqui não consigo encontrar esse tipo de broa resolvi meter mãos à obra e o resultado foi o que vos apresento hoje, mas que ainda não é satisfatório, por fora ficou com aspecto de broa, o miolo ficou denso como numa broa deve ser, mas ao abri-la vi logo pela cor que ainda faltava qualquer coisa, o miolo deve ter um aspecto mais acinzentado, por isso vou continuar em  busca da receita perfeita, se alguém tiver alguma ideia ou sugestão quanto à massa da broa da região de Coimbra, por favor diga-me, de qualquer das formas deixo-vos a receita da minha primeira experiência. 

Broa de Milho - Primeira Experiência

Ingredientes:

  • 300 g de farinha de milho branca
  • 200 g de farinha da trigo normal
  • 1 pacote de fermento fermipan (11 g)
  • 300 ml de água morna

Preparação:

Tenho usado o método do pão artesanal já descrito aqui que tem resultado com sucesso em todas as minhas experiências até agora.

Numa taça colocar todos os ingredientes secos, mexer só para misturar as farinhas, adicionar a água, mexer com uma colher de pau até absorver todas as farinhas, deixar repousar em temperatura ambiente durante duas horas, tapar a taça e guardar no frigorifico até ao dia seguinte.

Ligar o forno nos 200º ou nos 180º se tiver ventilação.

Moldar a broa com as mãos enfarinhadas, colocá-la num tabuleiro polvilhado com farinha de milho e deixar repousar entre 30 a 40 minutos. Colocar a broa no forno e deixar cozer durante cerca de 40 a 50 minutos (eu deixei o meu durante uma hora porque estava com muitas dúvidas, mas acho que foi um pouco demais).

Nota: Entretanto aprendi que para saber se um pão está cozido, ao bater com a mão na base do pão o mesmo deverá fazer um som oco.

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publicado às 19:00


4 comentários

De Vânia Costa a 01.07.2009 às 19:43

Moira, por ter visto esta tua publicação decidi ir à procura para ti, a uma senhora muito simpática, mais old-school ahahah a avó do meu namorado... Pois bem, a senhora dos altos dos seus 80, reside no concelho de Oliveira do Hospital, na aldeia que se chama Gramaça... Perguntei-lhe pela broa e sem medidas nem grandes regras me disse que o principal era a farinha de milho, numa gamela, com um pouco de farinha de centeio da mais pura que se conseguisse... Depois a água... e o fermento...
ao que ela me explicou do fermento, processa-se da seguinte forma: elas compravam fermento de padeiro ao senhor padeiro e depois juntavam-lhe um pouco de farinha de milho e água, amassavam muito bem e deixavam levedar de um dia para o outro... Era essa massa que iria servir de feremento à broa (nós conhecemos esse processo como massa velha, salvo erro...), depois era amassar tudo muito bem, formar as bolas das broas, polvilhar com bastanta farinha e golpear uma cruz no topo de cada bola. Levavam ao forno a lenha... Ela disse-me que num forno comum, o forno tem de já estar bem quente quando se coloca o pão lá dentro e que se quisermos "fingir" o sabor da lenha que se podem colocar, no fundo do forno, alguns troncos pequenos de lenha... Não sujam o forno e infligem um pouco do sabor tradicional! Mas ela diz que o verdadeiro segredo é a farinha de centeio!

Bem minha querida, espero ter ajudado a regressar às origens! Quando fizeres publica, pois fico curiosa!

Um beijo grande*

De Moira a 02.07.2009 às 11:38

Vânia,
Que bela surpresa me fizeste com esta receita, assim que voltar de férias vou experimentá-la, é aliás um previlégio fazer uma receita antiga. Muito obrigado pela receita e um beijinho para ti e outro para a "avózinha"
Moira

De Paulo a 07.11.2010 às 00:49

Também eu ando em curiosa procura pela receita perfeita de Broa de Milho (mas a amarela)... e deparei-me com este blog fantástico. Sempre agradável encontrar um blog com paixão pela nossa comida.

O que a Vânia fala é um pré-fermento. É muito comum nas padarias francesas fazer-se e o nome é poolish (teoricamente foram padeiros polacos que ensinaram os franceses). Em português existe o nome "crescente" que penso ser a mesma coisa e que pode ser de fermento selvagem ou de fermento de padeiro.

Muitos advogam que um pré-fermento dá um sabor mais complexo ao pão. Além disso, acho que parte da ideia é também a de aumentar a quantidade de fermento na receita final. Quando se adiciona farinha e água em quantidades iguais (peso) ao fermento de padeiro e se deixa fermentar... ficamos pois com uma quantidade de fermento maior. As bactérias "boas" multiplicam-se e ficamos com uma levedura maior para a nossa massa final. Caso tentes fazer o pré-fermento, o meu conselho é deixá-lo fermentar de noite para o dia dentro do frigorífico. Acho estranho a "avózinha" dizer que se usava farinha de milho para alimentar o fermento... não é muito comum, normalmente alimenta-se com a farinha de trigo.

Farinha de centeio.... a farinha de centeio tem naturalmente mais nutrientes que a levedura gosta... ficamos com uma levedura mais contente. Não sei qual será o impacto final no pão. Crescer mais?

Vou tentar amanhã a minha primeira broa de milho com um crescente como a "avózinha", mas vou à procura da broa amarela que usamos para fazer o bacalhau com broa. Wish me luck.

/P

De Moira a 08.11.2010 às 14:27

Olá Paulo,
Obrigada pelas explicações e também por deixar este comentário, é que na realidade eu andava esquecida da broa, e não fosse o teu comentário eu não me lembraria tão cedo.
Vou tentar fazer o crescente para ver o que dá e depois fazer de novo a broa.
Já agora a broa da "avózinha" tem este aspecto: http://www.flickr.com/photos/tertulia-de-sabores/5065279214/in/set-72157619147502654/
Passei pela zona há dias a aproveitei para comprar e matar saudades da minha broa verdadeira.
Pessoalmente não aprecio a amarela pois torna-se mais seca, mas para o bacalhau é melhor.
E então a tua broa saíu boa ou ainda não fizeste? Gostei do aspecto do pão que tens no blog.
Um abraço

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