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Os meus últimos dias foram passados no nordeste transmontano, desta vez tive o privilégio de poder ajudar na elaboração de um dos doces mais emblemáticos da semana santa, a Bola Doce transmontana.
Éramos cinco na cozinha, a ocasião assim o exigia, numa tarde fizemos pão, folares, bolas e outros tantos doces.
Não sei quantos quilos de farinha gastámos, mas consegui contabilizar 228 ovos, o forno a lenha não teve descanso e fornada após fornada os aromas iam tomando conta da cozinha, primeiro os folares, de que falarei noutro dia, depois o pão, a seguir foram as bolas doces, depois uns bolinhos secos e eu finalizei o dia com um pão de ló.
Dª Preciosa fez-nos companhia, atenta a todo o reboliço, falou-me do seu tempo, das suas memórias e da sua arte com um brilhozinho nos olhos, foi padeira toda a vida, agora com 92 anos, as suas mãos estão cansadas, tenho a certeza que se pudesse voltava a pôr as mãos na massa, mas agora já não tem força nos braços. Fico comovida e guardo parte das suas memórias, que só agora se cruzaram com as minhas e sinto-me mais rica.
Bola Doce Transmontana
Ingredientes:
Para a massa
Para o recheio
Preparação:
Dissolve-se o fermento em água morna com um pouco de farinha, misturam-se os restantes ingredientes até obter uma massa elástica, que se deixa levedar até dobrar o volume.
Misturar o açúcar com a canela e reservar.
Quando a massa tiver duplicado de volume, estende-se bem fina com um rolo da massa e forra-se um tabuleiro muito bem untado e enfarinhado, polvilha-se o fundo do tabuleiro com açúcar e canela e borrifa-se abundantemente com o licor. Estende-se mais um pouco de massa, desta vez apenas o suficiente para tapar o fundo do tabuleiro e colooca-se sobre o açúcar da camada anterior. Volta-se a polvilhar com açúcar e canela e a borrifar com o licor. Vai-se esticando mais massa e vai-se sobrepondo em camadas intercaladas sempre por açúcar e canela e borrifadas por licor até chegar ao cimo do tabuleiro. a última camada de massa não se polvilha, voltam-se por cima dela os excedentes da primeira massa que forrou o tabuleiro e pica-se com um garfo, mas tendo o cuidado de nunca picar a parte de baixo da massa para não se escoar por lá o licor.
Deixa-se descansar nos tabuleiros até a massa crescer de novo e vai ao forno quente a cozer. Assim que estiver cozida desenforma-se.
Notas: É importante estender a massa bem fina pois ao levedar ela cresce bastante. A explicação pode parecer confusa, mas abaixo fica o passo a passo para perceberem como se processa e apesar do trabalho, garanto-vos que é uma delícia.
Para quem não goste de canela, há quem, apesar de fugir à tradição, a polvilhe com açúcar e cacau em pó.
O resultado final é um pão doce, formado por camadas separadas por açúcar e canela que se dissolve com o licor e derrete do forno por acção do calor.