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Em comum temos o gosto pela História com H grande, aquela que vem nos manuais e que se aprende na escola, ela é escritora eu gosto de cozinhar, ficámos amigas por um acaso do destino, quando ela se cruzou com uma nota escrita por mim sobre o seu primeiro livro "A Cruz de Esmeraldas".
O tempo passou, ela continuou a escrever, eu continuei a cozinhar, ela acabou de editar o seu terceiro livro D. Dinis e eu resolvi divulgá-lo com uma receita ligada ao Convento de Odivelas, quem quiser espiolhar um pouco mais sobre o livro pode passar pelo blog da Cristina Torrão chama-se Andanças Medievais.e por lá podem encontrar excertos do livro e não só.
D. Dinis é um dos meus reis preferidos, provavelmente um dos reis que mais fez pelo futuro de Portugal, ficou conhecido pelo Lavrador, mas eu prefiro a sua veia trovadoresca e de poeta que a Cristina Torrão tão bem retrata neste seu livro.
Apesar de transparecer por vezes um rei prepotente e autoritário, ele foi um rei justo, empreendedor e fascinante.
Entre muitas outras obras, D. Dinis mandou construir o convento de S. Dinis em Odivelas no ano de 1295 e é lá que está sepultado.
Pouco ou nada se sabia da constituição física deste rei até ao ano de 1938, data em que o seu túmulo foi aberto e se descobriu que tinha cerca de 1,65 m de altura e a dentadura completa, sinónimo que teve uma alimentação saudável ou pelo menos não era um rei guloso, embora na minha teoria os doces nos finais do século XIII e inícios de XIV não seriam muitos, creio que o uso do açúcar na Península Ibérica só será difundido muitos anos mais tarde.
O Convento de S. Dinis ficou famoso, entre muitas outras coisas pela doçaria das Monjas Bernardas, e pela célebre Madre Paula que foi amante do Rei D. João V.
Das receitas do Mosteiro que chegaram até aos nossos dias, e das quais existe um Livro Editado, destacam-se: Os Esquecidos, os Tabefes, a Marmelada e o Pudim da Madre Paula.
Para elaborar um receita ligada ao Mosteiro resolvi comprar O Livro de Receitas da última Freira de Odivelas, gostei muito de umas coisas, fiquei decepcionada com outras apesar de o livro ser muito interessante, quanto às receitas acabei por escolher uma receita de "Kéques" (era assim que se escrevia na época) não sei se foi azelhice minha ou se a receita é assim mesmo, os meus queques, apesar de muito saborosos ficaram mais parecidos com queijadas, certo é que D. Dinis não os provou, mas estes bolinhos fazem parte das memórias de um convento em tudo ligado ao seu nome.
Agora se me dão licença vou beber o meu chá e comer um bolinho.
Queques com Especiarias
Ingredientes:
Preparação:
Bater as claras em castelo e quase no final adicionar-lhes 60 g de açúcar, reservar.
Bater as gemas com a margarina e o restante açúcar até ter uma massa esbranquiçada, adicionar a farinha, o fermento, o cravinho, a noz moscada, o vinho e a aguardente e por fim as claras batidas.
Levar ao forno quente em formas untadas durante cerca de 15 minutos ou até estar cozido.
Notas:
Para os mais gulosos, disseram-me que algumas das especialidades do Convento podem ser adquiridas na Pastelaria Faruk que fica no Largo D. Dinis, mesmo junto ao Mosteiro, tenho que passar por lá brevemente.
Destaco também o "D. Dinis" vendido na Pastelaria Quebra Nozes que fica junto à Rodoviária em Odivelas, que já provei e recomendo, existe em versão individual e também em versão familiar.
A receita original dos queques é do Livro de Receitas da Última Freira de Odivelas e foi ligeiramente adaptada por mim.
A textura destes bolos não se assemelha em nada à dos queques habituais, não sei exactamente porquê mas ao fim de uns minutos fora do forno encolheram e ficaram parecidos com queijadas, se algum perito em pastelaria souber o porquê aguardo um comentário para poder rectificar a receita, no entanto o seu sabor é extraordinariamente bom devido ao uso das especiarias. Desta vez as "cobaias" provadoras de serviço foram as minhas colegas de trabalho.