
Não vou esconder que o Ardeu a Padaria, o Blog do João Pedro Diniz, é um dos blogs portugueses que eu mais aprecio ler, por lá não se encontram fotos maravilhosas, nem listas de ingredientes, em contrapartida podemos encontrar refeições simples, outras exóticas, ou não fosse o João "aficionado" de comida goesa, e acima de tudo podemos encontrar textos a que eu chamaria pura "gastronomia em prosa" se é que isso existe.
O Ardeu a Padaria é talvez o único blog que conheço em que uma imagem não vale mais do que mil palavras, e se não acreditam, passem por lá e percam-se pelas suas páginas.
Graças à Neide acabei por conhecer o João num almoço muito agradável de que vos falei há uns dias atrás e que a Neide relatou aqui, com as fotos e nomes das iguarias que tivemos oportunidade de provar no Tentações de Goa.
Hoje as Tertúlias são dele e tenho a certeza que esta cozinha fica em boas mãos.
"Fui à cozinha deitar na panela o grão, que foi cozido ontem, e assim se juntou ao resto do cozinhado, e vim até aqui para escrever a receita prometida à Moira, por ocasião do segundo aniversário do seu blog.
Ela por certo pensará que vou falhar ou que prometo à toa, mas a verdade é que por querer escrever algo diferente, já fiz 3 pratos cujo resultado não foi o melhor.
Assim, fiz um ambotik muito razoável mas os sabores fortes desse preparado goês, atropelaram o discreto cantaril, que tão fresco era. 1-0 para a asneira.
Fiz umas sopas de peixe com o caldo das espinhas do mesmo cantaril, tomate, cebola e chouriço. Umas belas sopinhas com as quais reguei as fatias finas do pão alentejano, mas quando provei o sabor do chouriço sobrepunha-se ao resto retirando-lhe a frescura própria. 2-0.
Fiz umas migas de bacalhau com couve que costumam sair bem mas desta vez alguma coisa descarrilou e eu não consigo dar notícias falsas e também não me sentia bem a contar uma receita falhada numa ocasião de festa como é o caso. E vão 3.
Por fim hoje acertei. Fiz uma coisa que nunca antes fizera, e ficou um petisco daqueles que serviria ao meu melhor amigo. Vai ser comido pela família mas a receita segue direitinha para o mail da Moira. Para não faltar à verdade, só escrevo o resto depois de comer.
Com licença.
Esta mesmo bom. E é muito simples.
Levei ao lume uma caçarola com um pouco de azeite onde fritei 2 dentes de alho picados. Juntei 500g de carne de porco picada e quando esta perdeu o sua côr rosada, temperei com sal, coentros frescos picados e cebolinho picado. Depois juntei 1 copo de vinho branco e outro de caldo de galinha que tal como o grão, preparara na véspera.
Deixei o líquido reduzir até quase secar e tirei a carne do lume.
A caçarola vazia voltou ao lume, deitei mais um pouco de azeite e refoguei aí uma cebola e outro dente de alho, ambos picados. Quando o refogado alourou juntei um pouco de sal e uma masala feita com 1 colher de café de curcuma, 1 colher de chá com cominhos e o mesmo com pimentão. Misturei bem e fui juntando 2 tomates limpos e picados, ¼ de pimento verde picado, ½ cenoura em rodelas finas, 1 colher de sopa de concentrado de tomate e uma mão cheia de oregãos.
Coloquei a tampa e deixei fervilhar durante 20 minutos. Como estava a querer secar juntei 1 copo com água e deixei cozinhhar mais 15 minutos.
Juntei o grão ( 3 chávenas ???) esperei que retomasse a fervura e deixei apurar um pouco antes de arrumar uns ovitos para escalfarem. Antes de servir juntei umas belas folhas de hortelã e, por me lembrar do que dissera o Maurício, aqueci umas fatias de pão para receberem em cima aquele guisado bem cheriroso e bem saboroso."
Enfim algo digno do aniversário. Parabéns e bom proveito!
João como se costuma dizer: Não há uma sem duas e não há duas sem três, neste caso e para fugir às regras é caso para dizer que não há três sem quatro.
Cá por casa estão todos os ingredientes necessários para elaborar este petisco e numa destas noites farei desta receita o nosso jantar. Obrigado por esta participação e pelo esforço.