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É com imenso prazer que vos informo que a Zorra do 1x umrühren bitte já publicou as imagens e links de todos os pães que recebeu para o Roundup do World Day of Bread 08 ao todo foram 246 entradas.
A minha participação vocês já a conhecem, foi o Pão de Abóbora com Nozes, por lá vão encontrar muitos mais.
Há participantes de quase todo o mundo, há variedade, imaginação e diversidade, por isso, vamos a pôr as mãos na massa, passem por lá, leiam, experimentem e marquem na agenda para que para o ano sejamos muitos mais.
Os acompanhamentos foram, umas castanhas cozidas, um arroz de açafrão simples e umas cenouras salteadas com cominhos.
De todos os acompanhamentos que fizemos este último foi aquele em que ninguém tinha muita fé porque quase ninguém apreciava especialmente cenouras cozidas, no entanto revelou-se um óptimo acompanhamento de carnes, muito aromático e saboroso.
Todos gostaram!
A receita é muito antiga, sendo atribuída a Apicius e foi manuscrita em Latim, esta e outras receitas originais aqui podendo ler mais sobre livros de receitas em latim aqui. (o único senão é que está tudo em francês)
É uma receita super simples, e como o jantar foi elaborado a quatro mãos estas cenouras foram confeccionadas pela minha amiga E.
Cenouras Salteadas com Cominhos e Azeite
Refogar uma cebola picada num pouco de azeite, adicionar uma colher de vinagre adicionar as cenouras cortadas, os cominhos e o sal e deixar cozinhar por cerca de dez minutos no tacho tapado para formar vapor. A receita não tem indicação de quantidades por isso é um bocadinho a gosto. Como a E. gosta particularmente de alho na cozinha adicionou um dente de alho muito picadinho.
As castanhas foram simplesmente cozidas no caldo de cozer a galinha, ideia da E. que resultou muito bem.
Quanto ao arroz, curiosamente eu tinha escrito sobre o assunto há uns dias atrás sem saber que aquele tipo de arroz tinha origens medievais. Podem encontrá-lo aqui.
Portugal tem uma grande tradição de doces conventuais, assim não foi difícil a escolha da sobremesa para o jantar medieval que fizemos cá em casa. Uma das escolhas recaiu no Toucinho do Céu, por ser um doce verdadeiramente português que se faz de norte a sul do país. Os mais famosos são os de Guimarães e de Murça, mas existem outros igualmente bons como o do Convento de Odivelas e os Alentejanos.
O Toucinho do Céu é feito com açúcar em ponto, muita gema de ovo, amêndoas que podem ser peladas ou não mas que são sempre picadas e que consoante a região pode levar doce de gila, ou cidrão e canela.
Toucinho do Céu
Ingredientes:
Preparação:
Levar a água ao lume com o açúcar, deixando ferver em lume brando, até obter o ponto pérola (isto leva mais ou menos 10 minutos, e quando se deixa escorrer a colher de pão forma-se uma pequena pérola).
Adicione a amêndoa e o doce de chila, misture e deixe voltar a ferver sem nunca deixar de mexer. Retire do lume.
Entretanto separe as gemas das claras (reserve as claras para fazer outro doce) e junte um pouco do preparado da amêndoa às gemas previamente desfeitas com um garfo.
Depois junte tudo e mexa bem com a colher de pau até estar ligado, leve de novo a lume muito brando para engrossar sem nunca para de mexer e sem deixar ferver.
Unta-se uma forma rectangular com margarina e forra-se com papel vegetal que também se unta e polvilha-se abundantemente com farinha. Deita-se lá dentro o doce e polvilha-se por cima mais um pouco de farinha.
Vai ao forno a 200º durante cerca de 45 minutos. Mas para secar do que propriamente para cozer
Retira-se do forno, deixa-se arrefecer e desenforma-se sacudindo o excesso de farinha, corta-se em fatias e polvilha-se com açúcar em pó.
Nota: Eu só fiz metade da receita e como estava a fazer várias coisas ao mesmo tempo deixei secar demasiadamente o meu.
Deixo-vos as primeiras impressões sobre a minha experiência medieval na cozinha, as receitas foram feitas por mim e pela minha amiga E. que também é uma óptima cozinheira.
Apesar de algumas das receitas serem estranhas na utilização de certos condimentos o resultado final foi muito bom e pelo menos duas das receitas serão realizadas de novo, com toda a certeza, mas depois dou-vos mais pormenores.
Hoje deixo-vos a visão da única criança presente no jantar que se divertiu a fazer desenhos enquanto esperava pelas sobremesas.
Para criar um certo ambiente e a pedido da pequena R. o jantar foi à luz das velas, porque segundo ela, era mais giro, assim temos o primeiro desenho.
Depois porque na sua imaginação na época medieval todos eram reis, rainhas e princesas, abaixo fica a representação gráfica dos comensais.
Em cima temos a R. com o pai e a mãe, em baixo à esquerda temos a E. e o Z. e em baixo à direita sou eu e o D., estamos todos lindos não estamos? Parece uma comitiva real.
Amanhã teremos as primeiras comidinhas, até lá fiquem bem.
No que diz respeito à Cozinha Medieval Europeia os dados que nos chegaram até hoje são muito imprecisos, encontra-se fácilmente a descrição, mas na maioria das receitas, senão na sua quase totalidade não se faz menção às quantidades. As listas de ingredientes não variam muito mas, tal como hoje em dia, a criatividade de cada um acrescentava e/ou retirava ingredientes numa mesma receita.
Do séc. XIII ao séc. XVI o tipo de culinária é comum a toda a nobreza europeia, tendo aparecido por essa altura os primeiros manuscritos e livros de culinária por toda a Europa.
Para organizar um jantar com amigos em que o tema é a Cozinha Medieval, tenho feito diversas pesquisas, tendo chegado à ementa abaixo, a minha escolha tentou abarcar várias zonas da Europa, e foi um tanto difícil derivado á diversidade de pratos.
Assim, e nos próximos dias postarei por aqui algumas receitas de comidas e bebidas que já fizeram as delicias da nobreza por essa Europa fora e que vão animar o nosso jantar de amanhã.
O resultado da minha pesquisa foi baseado na leitura de vários artigos relatando hábitos e costumes da época, a maioria em Francês e Inglês.
Tenho pena que sendo Portugal um país com uma história tão rica e já bastante longa, não haja praticamente nada em Português, excepto um tratado da Cozinha Portuguesa do Século XV, sendo que toda a minha pesquisa foi feita na net, espero e acredito que existam alguns livros sobre o assunto.
Os sites consultados foram os seguintes, sendo as gravuras também de lá:
Neste jantar não vou recriar o ambiente, mas sim a culinária da época com as necessárias adaptações aos dias de hoje.
Aliás, em jeito de graça já avisei os comensais que a mesa terá pratos, copos, talheres e até guardanapos de papel, por isso não procurem nestas receitas o rigor histórico que um estudo mais aprofundado nos poderia dar, esta é apenas uma pequena contribuição minha para a divulgação da culinária medieval.
Sendo que quem tiver interesse em recriar refeições ou doçaria da época, encontrará nestes sites centenas de receitas que por vezes com um bocadinho de imaginação podem trazer algumas boas surpresas à nossa mesa.