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A minha tarde de ontem começou com um amontoado de livros sobre a mesa, a minha sobrinha tinha um trabalho para fazer e eu propus-me a dar-lhe uma mãozinha na escolha de 15 poesias de poetas portugueses do séc. XX.
Todos os poemas escolhidos integralmente por ela tinham que ter em comum a palavra "Mar", eu seleccionei os poetas e ele teve que ler um sem número de poemas à procura da palavrinha mágica.
A meio, deixei-a nas suas leituras e parti para a cozinha, pesei os ingredientes, meti tudo para dentro da máquina, e em menos de um minuto tinha a massa em cima da bancada, momentos depois os scones estavam no forno e o chá pronto a servir.
Meia hora depois estávamos sentadas à mesa, com um prato de scones, um chá fumegante e a companhia do Fernando Pessoa, da Sophia de Mello Breyner, do Eugénio de Andrade e de mais alguns nomes sonantes da nossa poesia, de fora ainda ficaram alguns, que a escolha como sempre é difícil, navegamos por mares e rios de palavras bonitas numa tarde fria de inverno, mas nem demos conta do tempo passar.
A receita dos scones é da Delia Smith e foi-me sugerida pela Azélia do Azélias Kitchen, uma amizade recente, ainda que virtual com uma portuguesa que vive há tantos anos no Reino Unido que quase esqueceu a nossa língua, mas que ainda assim conserva as suas raízes numa pesquisa constante dos sabores da sua infância.
Scones
Ingredientes:
Preparação:
Ligar o forno nos 220º.
Numa taça colocar a farinha, o açúcar e o sal, adicionar a margarina fria aos cubos pequenos e misturar rapidamente até obter uma massa areada. Juntar as passas, o ovo batido e o iogurte aos poucos (pode não ser necessário todo) até obter uma massa que apesar de ligeiramente mole, pode ser colocada sobre a mesa enfarinhada, polvilha-se também por cima e calca-se de forma a ter mais ou menos 1 cm a 1,5 cm de altura. Corta-se com um corta bolachas, e coloca-se sobre um tabuleiro também ele enfarinhado. Juntam-se as aparas, cortam-se os restantes scones que vão ao forno quente cerca de 10 ou até estarem ligeiramente dourados.
Bimby /Thermomix
Ligar o forno nos 220º.
Colocar no copo a farinha, o açúcar, o sal e a margarina, programar 10 segundos, velocidade 4.
Adicionar o ovo batido e duas colheres de iogurte, programar mais 10 segundos, velocidade 4.
Juntar as passas e programar 5 segundos, velocidade 2.
Polvilhar a mesa ou a bancada com farinha, retirar a massa do copo, polvilha-la também com farinha e calcar a massa de forma a ter mais ou menos 1 cm a 1,5 cm de altura. Corta-se com um corta bolachas, e coloca-se sobre um tabuleiro também ele enfarinhado. Juntam-se as aparas, cortam-se os restantes scones que vão ao forno quente cerca de 10 ou até estarem ligeiramente dourados.
Notas: se a massa estiver muito seca e não der para estender, adicionar uma colher de sopa de leite.
Se se apresentar demasiado líquida adicionar uma ou duas colheres de soap de farinha.
Servir os scones quentes com manteiga e compotas de fruta.
E para que também a vossa tarde possa ser perfeita deixo-vos um poema de um dos meus poetas favoritos:
Eugénio de Andrade
Post Scriptum
Agora regresso à tua claridade.
Reconheço o teu corpo, arquitectura
de terra ardente e lua inviolada,
flutuando sem limite na espessura
da noite cheirando a madrugada.
Acordaste na aurora, a boca rumorosa
dum desejo confuso de açucenas;
rosa aberta na brisa ou nas areias,
alta e branca, branca apenas,
e mar ao fundo, o mar das minhas veias.
Estás de pé na orla dos meus versos
ainda quente dos beijos que te dei;
tão jovem, e mais que jovem, sem mágoa
- como no tempo em que tinha medo
que tropeçasses numa gota de água.
In “Palavras Interditas” (1950-1951)