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O desafio do Delícias e Talentos que está a decorrer até ao dia 11 de Dezembro propõe-nos Reciclar na Cozinha, nome bonito para aquilo a que habitualmente chamo aproveitamento de sobras e a que tenho uma Tag dedicada no blog.
Conheço muito boa gente, alguma até menos abonada que não gosta de comer o que quase sempre resta de uma ou outra refeição, boquinhas finas como diria a minha avó, mas se essas sobras forem reaproveitadas em pratos completamente distintos do original, provavelmente comem e nem dão por isso.
Cá por casa já é usual reaproveitar-se tudo, e só mesmo por um descuido inaceitável alguma coisa irá parar ao lixo, mas nem sempre foi assim, como se costuma dizer, a vida ensina-nos muita coisa e eu aprendi, não propriamente à minha custa, mas por vicissitudes do destino, a fazer esticar o que havia na carteira.
A crise por que passamos neste momento não é novidade para muitas famílias, ou pelo menos não é para a minha, tempos houve em que uma sopa alegrava o jantar, ou uma jardineira podia dar para muitos acrescentando mais batata, cenoura ou ervilhas.
Andando ainda mais para trás no tempo, a minha avó falava muitas vezes que uma sardinha dava para dois ou para três. Claro que não é isso que se pretende, e para aqueles que me lêem, que neste momento têm acesso à net, considerem-se uns priveligiados, muitos há que dormem na rua, vivem da caridade dos amigos e vizinhos, passam frio e fome, e acreditem que não são esses que têm acesso ao rendimento mínimo, mas como este não é o blog correcto para fazer crítica social voltemos ao assunto da reciclagem na cozinha.
Reciclar é reaproveitar, é usar um ou mais elementos, transformando-os e apresentando-os como novos. Difícil? Claro que não, na cozinha é muito fácil reciclar, por exemplo:
Como vêem é muito fácil reciclar na cozinha, mas para quem tem em casa "boquinhas finas" quando lhe perguntarem o que é o jantar? Nunca, mas nunca respondam que é o resto do almoço, ou o resto do jantar do dia anterior, transformem primeiro e apresentem algo novo.
Mas a importância da reciclagem, não pode ser vista como uma obrigação em tempos de crise, ela tem que ser encarada como um gesto natural do dia a dia, de todos os dias, uma forma de estar na vida. Sei que para muitos será difícil pois já nasceram numa sociedade cada vez mais consumista e têm hábitos há muito enraízados e difíceis de ultrapassar, por isso o meu conselho é que vejam isto como uma escolha, uma opção saudável e vão ver que para além de pouparem uns tostões ao fim do mês vão sentir-se muito melhor como pessoas.
A receita de hoje é feita com sobras de Cozido à Portuguesa, comida que raramente faço em casa, isto porque para ser bem feito dá algum trabalho e também porque tenho um restaurante a 100m de casa que o faz na perfeição. Acontece que as doses deles são grandes, pelo menos para mim e sobra sempre imenso Cozido que em vez de ir para o lixo eu peço para levar para casa. Vergonha? Não tenho nenhuma e digo-vos que eles estão mais que habituados pois eu não sou a única a fazê-lo. É assim, que há uns fins de semana atrás eu vim para casa com os meus restos de Cozido, e como para mim Cozido requentado não tem muita graça acabo sempre a fazer algo diferente com ele, desta vez foi um arroz de forno que preencheu a nossa barriga e serviu para estrear o mini alguidar de barro que a Mª José tão simpaticamente me ofereceu, passemos então à receita.
Arroz de Forno com sobras de Cozido à Portuguesa
Ingredientes:
Preparação:
Leve um tacho com o azeite ao lume e refogue a cebola e o alho picados só até a cebola ficar translúcida, deite-lhe as cenouras aos cubinhos e as carnes desfiadas, acrescente o arroz e o caldo e deixe cozinhar em lume brando. A meio da cozedura acrescente as couves picadas, mexa e rectifique o sal.
Assim que o arroz estiver cozido transfira para um recipiente que possa ir ao forno, decore com toucinho fatiado ou com chouriço e leve ao forno só o tempo suficiente para secar o arroz e dourar o chouriço.
Sugestão: Acompanhe com um bom vinho tinto, afinal isto são sobras, mas das boas, se é que me entendem.