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O tempo passa depressa, já passaram quinze dias e chegámos de novo a sexta-feira, dia de Dorie às Sextas, o desafio desta quinzena eram uns queques de milho do livro Baking, desta vez não fiz grandes alterações, mas para além da versão original experimentei duas variantes, ambas saborosas, no entanto, uma delas fez-me viajar no tempo até à minha infância.
Tal como o Ego no filme Ratatui o meu pensamento voou a um tempo distante, tão distante que nem eu sabia que tinha recordações, ou memórias dessa idade.
Uma pingarelha de seis andava atrás das saias da minha avó, que, de lenço na cabeça e com o seu avental branco às riscas verdes, desbotado mas engomado a preceito, cozinhava o que irira ser o almoço.
Numa tigela a cebola e a salsa picadas com paciência e lágrimas, que as cebolas sempre foram bravas, noutra meia dúzia de ovos das galinhas que alimentava com couves migadas e grãos de milho.
Os ovos das galinhas da minha avó às vezes tinham duas gemas amarelinhas como o sol, que ele guardava para a menina.
A avó pegou num garfo e começou a bater os ovos, sem pressas, que os tempos eram outros, depois, juntava uma pinga de leite, dizia, que ficavam mais gostosos.
Retirava a frigideira de ferro de dentro de um armário cor de ferrugem que fazia parte da mesa da cozinha e colocava-a ao lume, esse armário também servia para me esconder quando queria estar apenas no meu mundo e só de lá saía quando ouvia a minha avó já asustada por não me encontrar, não me consigo recordar dos passos seguintes, a memória é traiçoeira e há coisas que nos fogem, mas deles surgia um pastelão amarelinho salpicado de verde que alimentava pelo menos quatro bocas, tinha o sabor dos pastelões que só a minha avó sabia fazer e ainda hoje alimenta as minhas memórias.
A variante dos queques da Dorie que levaram cebola e salsa tinham a essência do sabor dos pastelões da minha avó, sabor a saudade, não é preciso dizer porque gostei tanto deles, pois não?
Espero que gostem tanto deles como eu.
Entretanto, e até dia 28 de Janeiro, está a decorrer a votação para apurar os melhores blogs do ano de 2011, promovido pelo Aventar, não se esqueçam de passar por lá para votar nos vossos blogs preferidos. O Tertúlia de Sabores, como é óbvio, está na categoria de Culinária.
Mas as novidades não acabam por aqui, no próximo sábado, na TVI 24, às 23 horas, no programa Combate de Blogs, o Tertúlia de Sabores e o No Soup For You estarão numa pequenina reportagem. Não percam!
Queques de Milho Salgados
Receita original do Livro Baking: From My Home to Yours da Dorie Greespan
Ingredientes:
Preparação:
Utilizei uma chávena com a capacidade de 200 ml
Começar por colocar numa chávena uma colher de sopa de sumo de limão e acabar de encher com leite para fazer o buttermilk. Ao fim de 10 minutos vão notar que o leite coalhou e ficou idêntico a um iogurte pouco espesso e de aspecto esfarrapado, está pronto a ser usado.
Numa taça misturar todos os elementos sólidos excepto o milho.
Noutra taça colocar o ovo e a gema e bater ligeiramente, adicionar o azeite, a margarina e o buttermilk
Adicionar os líquidos aos sólidos mexendo com uma vara de arames, juntar o milho, colocar em forminhas untadas e enfarinhadas e levar ao forno aquecido a 200º C entre 10 a 15 minutos ou até estarem dourados por cima e ao introduzir um palito no centro ele saia seco.
1ª Variante
Adicionar a metade da massa 2 colheres de sopa de salsa picada e uma cebola pequena picadinha. Esta foi a minha versão preferida, a repetir muitas vezes.
2ª variante
Adicionar a metade da massa queijo de cabra aos cubinhos.
Outras variantes possíveis mas ainda não testadas:
Notas:
Em relação à receita original omiti as seis colheres de açúcar pois pessoalmente acho que não acrescentam nada à receita.
Estes queques podem ser congelados e posteriormente aquecidos.
Podem usar farinha de milho branca pois o sabor do milho fica lá e só altera na cor.
Em vez de um ovo grande e uma gema podem usar dois ovos pequenos.
A dica para substituir o buttermilk veio do blog Chucrute com Salsicha.
A palavra portuguesa para buttermilk é leitelho, mas confesso que nunca tinha ouvido falar em tal coisa.
Outro dia tinha em cima da minha secretária este pedido de uma colega para lhe traduzir uma receita do Gordon Ramsay e da inspiração alheia surgiu mais uma excelente refeição de peixe.
Folhado de Salmão
Ingredientes:
Preparação:
Lavar e secar muito bem os filetes de salmão com papel absorvente, temperar com sal e pimenta e pincelar com a mostarda só de um dos lados.
Cortar a folha de massa folhada em dois, colocar uma porção de espinafres no centro da massa folhada, colocar em cima o filete de salmão, pôr mais uma porção de espinafres, pincelar com ovo à volta do salmão e fechar a massa, aparando o excesso de massa que pode servir para decorar. Virar o embrulhinho de salmão para baixo, pincelar com gema de ovo, decorar com as aparas recortadas em forma de folhas, voltar a pincelar com ovo e proceder de igual forma para o segundo filete e restante massa folhada.
Levar ao forno aquecido a 180º C, cerca de 20 a 25 minutos.
Servir com uma salada de folhas verdes.
Notas: As grandes diferenças desta receita para a do Gordon são as seguintes, não usei a manteiga de ervas pois a massa folhada já tem bastante gordura, coloquei as folhas de espinafre para criar algum contraste e embrulhei cada um dos filetes individualmente. Como não tinha o aneto omiti-o da receita, mas se tiverem utilizem pois fica excelente com o salmão.
Se tiverem dúvidas quanto à forma de embrulhar o peixe cliquem na primeira foto que tem o link para o video do Salmon en Croûte do Gordon Ramsay.
No mundo dos blogs de culinária por vezes surgem desafios engraçados, como este lançado pela Mariana e pela Patrícia: "Dorie às Sextas", uma versão portuguesa, inspirada no "Tuesdays with Dorie", que consiste em reproduzir receitas do livro Baking da Dorie Greenspan, prová-las e discuti-las no grupo, dando asas à imaginação.
De quinze em quinze dias temos um novo desafio, cuja receita, claro, é da Dorie, não há obrigações de qualquer espécie e pode participar quem quiser, a única coisa a respeitar é o dia da publicação, de resto podem dar asas à imaginação, inventar, tirar ou acrescentar ingredientes, usar a criatividade e depois discutir no grupo o que bem entenderem.
Apesar de ser uma sexta-feira 13, dia azarado para quem é supersticioso, o que não é o meu caso, não me ocorre melhor dia para dar início a um novo projecto, e afinal as coisas até saíram perfeitas, o resultado foi um bolo denso e húmido, forte de sabores e perfeito para acompanhar um café forte ou uma bola de gelado, resumindo: um bolo para gulosos.
Bolo de Tâmaras e Amêndoa
Inspirado no Bolo de Ameixas e Armagnac do Livro "Baking - From my home to yours" de Dorie Greenspan
Ingredientes:
para o bolo
para a cobertura
Preparação:
Comece por ligar o forno nos 180º. Untar uma forma de aro amovível com 20 cm de diâmetro, forrar o fundo com papel vegetal, voltar a untar e enfarinhar a forma, reservar.
Colocar as tâmaras partidas num tacho, adicionar 60 ml de água e o vinho e deixar fervilhar mexendo sempre para não pegar, quando a água evaporar quase toda, apagar o lume e reduzir a fruta a puré, reservar para arrefecer.
Misturar a farinha, o sal e a amêndoa moída.
Derreter o chocolate com 40 ml de água e a manteiga (coloquei tudo numa taça e levei ao micro-ondas, 1 minuto na potência máxima) mexer com uma vara de arames até obter uma mistura homogénea.
Bater as gemas com o açúcar durante pelo menos dois minutos, adicionar a pasta de tâmaras, o chocolate derretido e por fim a farinnha com a amêndoa moída.
Bater as claras em castelo e envolver delicadamente na massa do bolo. Colocar na forma e levar ao forno durante cerca de 30 minutos, colocar papel de alumínio por cima se começar a querer queimar. O bolo está cozido quando ao espetar um palito no centro do bolo o mesmo sair seco.
Retirar do forno e deixar arrefecer 10 a 15 minutos antes de desenformar.
Deixar arrefecer o bolo completamente antes de colocar a cobertura.
Para a cobertura derreter o chocolate partido com o leite, 30 segundos no micro-ondas, potência máxima. Mexer com uma vara de arames até ter umas mistura lisa e homogénia, deixe arrefecer um pouco antes de colocar por cima do bolo, pois o chocolate branco torna-se muito líquído ao derreter.
Notas: A receita original é um Bolo de Chocolate com Ameixas e Armagnac, o meu bolo sofreu diversas metamosfoses, as ameixas foram substituidas por tâmaras, o armagnac por Hypocrás, que conferiu ao bolo o sabor das especiarias e as nozes pecan foram substituídas por amêndoas. A cobertura de chocolate negro foi substituída por uma de chocolate branco a que retirei o açúcar e a manteiga para reduzir as calorias e criar algum contraste.
Já temos 1500 fãs no Facebook, é um motivo suficiente para brindar, não acham?
Para o brinde escolhi um Licor de Laranja, receita antiga, perdida nos séculos e nos caderninhos das avós, aliás Portugal tem uma enorme herança de licores que vêm de tempos imemoriais. No séc. XIX Eça de Queirós falava neles em praticamente todos os seus livros, há por isso licores para todos os gostos e paladares.
tchim-tchim, cheers, santé!, prost, salut!, salute, salud, na zdrowie...
Licor de Laranja
Ingredientes:
Preparação:
Descascar a laranja de forma a que a casca fique o mais fina possível, sem partes brancas para não amargar o licor.
Colocar a casca de laranja num frasco com a aguardente e deixar em infusão durante uma a duas semanas.
Dissolver o açúcar no sumo de laranja e adicionar à aguardente, voltar a fechar o frasco, colocar num locar escuro e esperar que o tempo faça o seu trabalho, depois é só coar, colocar numa garrafa bonita e consumir com moderação.
Habitualmente bastam 3 meses, mas pessoalmente prefiro provar os licores ao final de um ano.